domingo, 31 de janeiro de 2010

Onde Os Fracos Não Têm Vez

Bom... Já que eu to no clima dos Coen, decidi não perder a empolgação, e falar mais um pouco da dupla. Desde o primeiro filme Blood Simple (Blood Simple, USA, 1984) a dupla já fez 14 filmes, 14 bons filmes dentre os quais estão algumas obras primas. E é claro que todo mundo que conhece pelo menos 1 ou 2 nomes de diretor sabe que não dá pra falar de Coen sem falar da sua obra prima máxima: Onde Os Fracos Não Têm Vez. É um filme que não importa quantas vezes eu assista, eu sempre tenho um calafrio no último monólogo de Tommy Lee Jones. É também o único filme dos Coen cujo roteiro foi adaptado de um livro, em todos os outros eles que escreveram o roteiro inteiro, e fizeram um excelente trabalho, diga-se de passagem (como tudo no filme).
O filme se passa na década de 80 e trata da história de um homem, Llewelyn Moss (Josh Brolin) que encontra um bando de gente morta em um descampado em quanto estava caçando, e não demora a perceber que trata-se de uma transação de drogas que não deu certo, e como todos sabem, numa transação ter que ter dinheiro, e é exatamente isso o que o nosso corajoso, porém tolo protagonista vai procurar, e encontrar. Um pouco mais afrente nas mãos de um morimbundo que conseguiu sair vivo porém não ileso do tiroteio, só para morrer um pouco mais afrente. Acontece que o assassino Anton Chigurh (Javier Barden) é contratado para encontrar esse dinheiro, lançando assim um embate entre os 2 personagens. Bom... Agora é a vez de conhecermos o último protagonista, o xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), aquele que para mim, é o personagem mais interessante da história, afinal de contas é ele quem dá sentido ao título, ele é o sherife que encontra os corpos, e é o responsável por encontrar o dinheiro, e entregá-lo para a lei, além é claro, e salvar a pele de Moss, e prender novamente Anton. Será que ele vai conseguir? Eu decidi dividir o post em 4 partes para falar de cada personagem separadamente, e por fim falar do filme como um todo. Então vamos a elas.


O Bandido

O filme abre logo com a prisão do temível matador Anton Chigurh, um maluco no sentido mais puro da palavra, que carrega consigo um cinlindro de ar comprimido. Pra que alguém vai carregar um cilindro de ar comprimido? É a pergunta que os policiais que o prenderam se fazem, e automaticamente é a pergunta que o espectador se faz. Bem... Não demora muito, e o nosso maluco favorito escapa da prisão matando os policiais, sendo que um ele estrangula... E logo de cara, na introdução pra variar, quando eu vi a cena do policial sendo estrangulado, eu pensei "Esse cara vai ganhar um oscar"(o Barden, é claro), a expressão facial que Barden faz ao executar sua primeira vítima no filme é brilhante, nessa hora já podemos perceber o quão doido é o personagem, e o quanto ele gosta de matar.
Em seguida nos é apresentada uma excentricidade do matador, jogar a moeda para decidir se mata ou não... Tipo o Duas Caras, com a diferença que é a vitimia que escolhe o lado. Bem... Comigo falando assim não dá pra ter idéia da tensão que a cena causa... Dá praticamente pra cortar o ar com uma faca, chega a um ponto que não estamos interessados mais se a vítima será executada ou não, só queremos que a cena acabe logo para que possamos respirar. Não demora muito, e também já descobrimos o método favorito do psicopata, e pra quê serve o tal galão de ar comprimido... E lá se vai a terceira vitima, com um buraco no meio da testa. Uma morte limpa e rápida, eis que percebemos que além de louco, e de gostar de matar, Anton é também extremamente eficiente. Foi mais uma cena de se tirar o fôlego, com destaque para os respingos de sangue na face de Anton, reforçando ainda mais o seu semblante de assassino implacável.
O fato é que a interpretação de Barden, deu vida ao assassino responsável por mostrar que os velhos (VELHOS e não fracos, conforme explicarei mais a frente) não tem mais vez. Como psicopata de profundida psicológica, ele dá um show de interpretação, superano qualquer expectativa que eu tivesse criado sobre o filme. De fato... Barden brilha no filme e sozinho se transforma no maior motivo do porque ver Onde Os Fracos não Têm Vez.
Além disso, o personagem foi extremamente bem construido pelo escritor, o seu galão de ar comprimido dá mais medo do que o facão do Jason.


O Mocinho

Na primeira aparição de Llewelyn Moss, ele está caçando (no tal descampado que encontra o dinheiro), ou ao menos tentando caçar, quando vemos que ele dá um tiro em um cervo e erra, já percebemos o abismo que existe entre a sua competência, que não consegue matar um um cervo com uma arma de mira fechada, e a de Anton, que mata um ser humano com aquele tal cilindro de ar. Também percebemos que ele não é muito esperto. E não digo isso por ele ter pegado a maleta com 2 milhões de dólares sabendo que era de traficantes perigosos, e que isso poderia lhe custar a vida, afinal... São 2 milhões de dólares. Percebemos que ele não é esperto pois ele volta para o local onde achou o dinheiro para dar água a um dos traficantes morimbundos... Que tipo de idiota faria isso?
Bem... No desenrolar do filme percebemos que ele não é tão incompetente, e nem tão bobo, e tem umas sacadas muito boas. O fato é que o personagem não é lá tão interessante, é ele quem dá sentido à história, mas tudo o que ele faz é pegar o dinheiro e fugir, ativando o botão de ligar de anton chigurh.
Quanto à interpretação, ela foi boa, muito boa por sinal, mas perto das interpretações brilhantes de Barden, e Jones, ela passa meio que despercebida.


O Narrador

Agora é a hora daquele que eu considero o melhor personagem, e agora é a hora de dizer que mais uma vez o título em português ficou muito inferior ao título original. O título original "No Country For Old Men" que traduzindo ao pé da letra fica "Sem lugar para o homem velho" dá muito mais sentido ao filme. Afinal de contas, como podemos dizer que Ed Tom Bell é um personagem fraco?? Ele Viveu a vida toda no mesmo lugar, lugar onde seu pai viveu a vida toda, e o pai do seu pai também, todos absorvendo e moldando seu caráter através da movimentação social de uma comunidade e ter que engolir aqueles "alienígenas" que subvertem cruel e diariamente a velha realidade, além de ter de admitir que a sua casa já não existe mais, fere o mais forte dos homens.
O que torna o personagem Bell tão interessante, é que ele está inserido num Farwest moderno, um Frawest onde não existem mais lendas, não aquele de Sergio Leone e clint Eastwood que estamos acostumados, mas um que foi tão deturpado, e degenerado, e aqueles que deveriam ser a lenda, como Ed Tom Bell, nada podem fazer. Se vêem como espectadores impotentes frente a sádicos que torturam, matam, e roubam idosos antes de enterrá-los no jardim, ou um bando de traficantes mexicanos atirando pra todo lado com suas metralhadoras, e principalmente frente a um lunático que anda por aí matando gente com um matador de gado a torto direito. O fato é que Ed Tom Bell não entende os crimes que ele lê, ou precisa resolver.
Quer dizer, até dá pra entender porque um casal finge tomar conta de idosos, e os rouba, mata e enterra no hospital, o que não cabe na cabeça do nosso velho é porque eles precisam torturar os pobres idosos antes de matá-los, e muito menos como os vizinho só desconfiaram e chamaram a polícia, quando viram um idoso correndo pela rua com algemas e correntes. Para ele parece óbvio desconfiar de gente cavando túmulos no quintal. É assim que funciona nos tempos de seu avô, é assim que funcionava nos tempos de seu pai, é assim que funcionava quando ele era mais jovem, no entanto, para seu infortúnio, não é assim que funciona agora, às vésperas de sua aposentadoria. Nos tempos modernos não existem mais lendas como pistoleiros errantes que resolvem todos os problemas com colhões e uma colt, o Farwest dos Coen


O filme

Eu devo confessar que é um peso muito grande tentar escrever a minha opinião sobre tamanha obra prima. Principalmente porque eu vi o filme pela última vez na época em que ele estava nos cinemas. No entanto, eu vou tentar. Neste filme os coen fogem da especialidade deles de comédia de humor negro, e fazem um drama. Um drama muito bem feito, sensacional, de fato, eu não consigo imaginar como conceber um filme melhor.
A maior característica da obra, é que é um filme parado, muito parado, e a coisa mais surpreendente, é que ele é bom exatamente por isso, se não fosse tão parado não seria tão bom. É como na cena de jogar a moeda, o espectador fica tenso o tempo todo, a cada minuto é criada uma nova expectativa, o espectador quer ver logo o que vai acontecer e como vai acontecer, no entando tudo vai acontecendo bem devagarinho. A gente gruda na cadeira e não consegue levantar de jeito nenhum, eu não me surpreenderia se alguém tivesse uma distensão muscular assistindo ao filme com tamanha tensão.
Outra qualidade que deve ser ressaltada, é que apesar dos Coen não seguirem o seu tema habitual de humor negro, não se engane, bem como todos os outros da dupla, o filme está impregnado de Coen, vemos marcas deles em todos os lugares, seja nos diálogos inteligentes, seja nas críticas que nos fazem pensar não na crítica em si, mas no que exatamente está sendo criticado.
Sem sombra de dúvidas, a maior obra prima dos Coen, e na minha opinião, umas das maiores obras do cinema. O filme realmente dá sentido à expressão "oitava arte". Dou 10 pro filme, eu daria mais, no entanto foi estipulado que o padrão de notas iria de 0 a 10. E é isso aí, agora na espera de "Um Homem Sério" próximo filme da dupla dinâmica que está pra estreiar nos cinemas.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Arizona Nunca Mais (Raizing Arizona, USA, 1987)

Esses dias eu estava conversando com o meu parceiro de blog Fernando, e estávamos falando sobre como grandes diretores deixam marcas características em seus filmes. Bem, os irmãos Coen, como grandes diretores que são não poderiam deixar por menos. Não é difícil de descobrir se o filme é deles logo pela introdução... E senhoras e senhores, eu devo dizer, Arizona Nunca Mais está impregnado de Coen pra todo lado. Desde a introdução até o sentimental final dessa comédia que eu vi e gostei.
Eu sei que depois de Onde Os Fracos Não Têm Vez(No Country For Old Man, USA, 2007), é muito fácil dizer:"Adoro os filmes dos irmãos Coen". Bom... Deixe-me lhes adiantar que a minha admiração pela dupla já se estende há um pouco mais de tempo. Desde que vi O Grande Lebowski (The Big Lebowski, USA, 1998) para mim Coen virou sinônimo de filme bom. E Arizona Nunca Mais não deixa por menos. Trata-se de uma comédia de humor negro típico da dupla, mas um pouco mais escraxada que o habitual. Quando H.I. (Nicolas Cage), um crimonoso convicto que passa o tempo saindo de lojas de conveniência e entrando em prisões, apaixona-se por Ed (Holly Hunter) policial encarregada de tirar as fotos para fazer as fichas do presidiários (vocês sabem... aquela parada com a plaquinha) ele a pede em casamento determinado a se endireitar e levar uma vida honesta. Acontece que depois de certo tempo Ed resolve que quer ter um filho. E depois de inúmeras tentativas ela descobre que é histéril. Para piorar a situação as agências de adoção não os deixam adotar crianças devido ao passado criminoso de H.I., Ed então, entra em depressão, abandona o emprego e para de cuidar da casa, até que um dia, um casal de milionários tem gêmeos quíntuplos, o que leva o nosso casal de protagonistas a ter a brilhante idéia, de pegar uma das crianças para criar como filho.
E tudo isso meus amigos, é mostrado somente na introdução, muita história contada num curto espaço de tempo... Mas não se enganem, os Coen já em 87 possuiam tamanha perícia que espuseram os fatos de maneira prima. Sem deixar pontas soltas, sem confundir o espectador, sem deixar dúvida alguma do que está acontecendo, e ainda, do que vai acontecer. É claro que um tarado por introduções como eu adorou essa. E como, ao menos para mim, a introdução já diz tudo sobre o filme, é claro que depois de uma introdução dessas, eu fiquei grudado na cadeira.
Bom... No desenrolar do filme, é aquela velha história onde o que estava tudo certo começa a dar errado que estamos habituados em se tratando de Coen, com a diferença que este foi o segundo filme deles, logo, neste filme, a história de comédia de erros é nova. O filme é repleto de personagem singulares, com boas atuações de Nicolas Cage, e Holly Hunter. Atuações muito boas por sinal, falando com sotaques arrastados, e agindo com um jeito simplório de 2 pessoas que moram em um trailer no deserto do Arizona. No entanto, este filme, como já comentado anteriormente, possui algumas cenas que são realmente feitas pra rir. Como quando H.I. vai roubar fraldas de uma loja e Ed sai com o carro deixando H.I. ser perseguido por 2 policiais, o balconista da loja, e, creiam ou não meus amigos, por alguns cachorros da vizinhança. E H.I. ainda consegue sair ileso, e com as fraldas, isso é que é ladrão. Outra grande parcela da comédia fica a cargo dos tais personagens singulares como os atrapalhadosfugitivos da prisão Gale e Evelle, interpretados por John Goodman e William Forsythe respectivamente. Ou então o temível caçador de recompensas Rendall "Tex" cobb interpretado pelo ex-boxeador Leonard Smalls.
No entanto, apesar de todos estes bons elementos, o que eu mais gostei no filme, foram das frases construídas. Frases que nos fazem pensar, coisas ditas de um jeito diferente do que estamos habituados a ouvir, aquele ar de... Cinismo inteligente. Ou seja: esse jeito Coen de ser do filme.
Bom, então é isso, gostei muito do filme, mas dou nota 8 porque tem filmes que eu gostei mais.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (Before the Devil Knows You're Dead, USA, 2007)


Antes de mais nada, o que eu gostaria de dizer é que se você ainda não viu este filme, pare de ler a minha postagem agora, sério, se você ler, e depois assistir vai estragar o seu filme. Aliás, não leia nada a respeito do filme, nem o resumo escrito na contra-capa da locadora, qualquer informação que você obtiver além do elenco... Vai acabar estragando a surpresa.
Dito isso, eu gostaria de dizer que, como já comentado pelo meu comparsa Fernando Vale, este blog serve estritamente para nós publicarmos as NOSSAS opiniões sobre os filmes que assistimos aqui, na nossa pacata, fria, e odiada cidade de Guarapuava.
Em fim, vamos começar a falar do filme. A primeira coisa que eu gostaria de dizer, é que não achei a direção tão brilhante assim como muitos dizem. Foi uma direção regular, não extrapolou nem um limite já imaginado, mas também não deixou a desejar. Apesar desse esquema atemporal de contar histórias já estar realmente batido, é preciso um bom diretor para não permitir que o filme confunda o espectador e Sidney Lumet é esse diretor, ele consegue utilizar esse esquema de contar os fatos fora de hora para aumentar o suspensa de maneira batida, porém eficiente.
Agora, a grande pérola do filme, está no roteiro, onde um filho aparentemente bem sucedido nos negócios, mas viciado em cocaína e com iminentes problemas com a auditoria fiscal, Convence seu irmão mais novo, uma pessoa fraca, um fiasco total na vida profissional e pessoal, a assaltar a joalheria de seus próprios pais.
Logo na introdução (um grande serviço ao cinema diga-se de passagem), confesso que já tive arrepios. O filme abre com uma cena de sexo entre Marisa Tomey (com tudo em cima, mesmo aos quarenta e poucos anos) e Hoffman, após o sexo ambos começam a conversar sobre como o Rio é um paraíso afrodisíaco em quanto fumam um baseado. CORTA! Aparece uma tela preta e a frase: "Que você possa ter 30 minutos no paraíso, antes que o diabo saiba que você está morto", um velho provérbio Irlandês. Bom... Talvez eu esteja superestimando a introdução, mas eu gostei da forma que o título do filme foi explicado, gostei de ver que Hoffman estava em plena forma, e com certeza iria destruir no filme, gostei de ser surpreendido por uma atuação de qualidade sem precedentes de Tomey, e gostei de ver uns peitinhos bem conservados.
Agora, voltando ao plano do irmão mais velho Andrew "Andy" Hanson (Philip Seymour Hoffman), a princípio parece uma coisa fácil, os irmãos sabem os códigos, sabem do cofre, sabem os horários, ambos já trabalharam lá, e após levarem os diamantes o seguro paga aos pais o valor roubado.
No entanto, como em todo filme, percebemos que na prática a teoria é outra. E sempre tem alguém que chama alguém que faz alguma cagada que acaba com tudo. E esse alguém é ninguém menos que o irmão mais novo, Hank (Ethan Hawke), que chama um bandido profissional para assaltar a loja dos pais, o que inevitavelmente culmina na morte de sua própria mãe.
Nesse ponto, o filme lembra muito Fargo - Uma Comédia de Erros (Fargo, USA, 1996). Mas... não se engane, as semelhanças param por aí. Ao contrário de Fargo, que apresenta as ironias da vida de maneira leve e com muito humor negro, em Antes Que o Diabo Saiba, tudo se apresenta como um soco no estômago, e é um atrás do outro. Sem tempo para respirar, em quanto você espera uma situação se resolver, logo explode outra bem no meio da cara.
E é lógico que tamanha tensão e carga dramática jamais iriam funcionar sem atores de primeira, e um diretor decente que saiba usá-los. E aqui encontramos o ponto forte do filme. Como eu já havia previsto ao ver a introdução, Hoffman arrebenta, começa o filme como um bem sucedido bandido do colarinho branco, muito bem resolvido que sabe exatamente o que fazer, e vai se transformando no decorrer do filme, com a auditoria em sua área cada vez mais próxima, seu prazo para voltar ao paraíso afrodisíaco aperta, junto com seu desespero, e toda a carga emocional das frustrações de sua vida. Destaque para a cena no carro, após o funeral de sua mãe. Uma das melhores cenas de sua carreira.
Mas Hoffman não está sozinho, Tomey, interpretando sua esposa Gina, dá um show de primeira interpretando uma mulher que vai com a maré. Se acomodou no luxo que seu marido lhe proporcionou, não tem opinião própria, trai o marido com o próprio irmão sem nem ao menos saber o porque. É simplesmente um fantasma que vive pelas sombras, e como todos os personagens, vai se transformando até finalmente conseguir se livrar dos grilhões do comodismo e abandonar Andy.
Sem seguida temos Ethan Hawke, com certeza fez um belíssimo trabalho. Não tão impressionante quanto os 2 anteriormente citados, mas realmente, interpretou a fraqueza como ninguém, nos mostra um personagem que todos teríamos raiva, se não tivéssemos tanta pena. Um fracassado que se transforma de um fracote capacho do irmão num pilantra de primeira que acaba matando o seu mentor (Hoffman) e ficando com a grana toda pra ele.
E por fim, a maior surpresa de todas Albert Finney, o velho nos mostra a que veio, e dá um show da atuação à moda antiga. É o personagem que mais se transforma, sai de um pai de família pacato dono de uma joalheria, passa para um velho depressivo e transtornado, e acaba num vingador de primeira capaz de matar o próprio filho para vingar a morte da amada. Fato aliás que nos proporciona o final perfeito num filme onde as maiores atrocidades nos são jogadas goela abaixo, e "tudo por um pouco de dinheiro" como inteligentemente disse Frances McDormand em Fargo.
Após toda a tensão pela qual o expectador já passou durante o filme, ver o velho matar o próprio filho chorando arrependido em uma cama de hospital, dá a sensação de um estupro mental, qualquer um sente-se no mínimo brutalizado. E é isso o que faz com que o filme grude e não te deixe pensar em outra coisa, como disse Roger Ebert ao escrever para o Chigago Sun-Times.
Bem... Aqui foi a primeira dica, a primeira opinião, a primeira idéia. E a primeira nota é 9. Não dou 10 por não inovar em nada, mas esse filme merece um 9 fácil.
Então se você ignorou o meu conselho inicial, e leu esse post sem ter visto o filme, e gosta de atuações impressionantes, uma direção categórica e um roteiro impressionante, aqui vai a dica. Assista Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto e você não vai se arrepender.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O porquê de tanto frio.

No freezer pois nossa estimada cidade é uma das mais frias do Brasil, e como tivemos ideia de fazer o blog enquanto moramos aqui em Guarapuava, nada melhor que homenagear esta cidade que tanto amamos(......not!).

Um exemplo deste frio: em pleno mês de janeiro, verão por aqui, clima quente, sol forte em qualquer lugar (menos aqui em Gorpa, claro) eu tenho que sair de casa 8:30 da manhã para trabalhar de blusa de moletom, porque está um friozinho tenebroso na rua, imagine isso no inverno.

Então, quando assistimos um filme por aqui está sempre frio tal qual as pessoas, que pelo longo inverno anual, acabam por ficarem frias também, o clima reflete o humor das pessoas, tudo é frio, igual um freezer, e nós gostamos de cinema, do bom cinema (de acordo com nosso gosto, claro), e essa cidade fria não gosta, então temos o Cinema no Freezer.

Resolvemos fazer um blog não pra fazer criticas de filmes, e sim escrever algumas palavras sobre aquele filme que vimos ontem, ou sobre aquele ator ou atriz que gostamos ou não, sobre diretores espertos ou ruins demais, enfim, escrever sobre filmes, cinema e tudo o mais porque não tem ninguém aqui que goste disso, tanto assim!

Enjoy!